Dermatose Ocupacional







Informações gerais

Definição

Toda alteração da pele, de mucosas e anexos causada direta ou indiretamente por tudo aquilo que seja utilizado na atividade profissional ou exista no ambiente de trabalho.

Nomes alternativos
Dermatite de contato; dermatite alérgica.

Causas

A dermatose ocupacional depende, basicamente, de dois tipos de condicionadores: as causas indiretas (ou fatores predisponentes) e as causas diretas, que atuam diretamente sobre a pele produzindo ou agravando dermatose pré-existente.

Fatores predisponentes

Idade: trabalhadores jovens e menos experientes costumam ser mais afetados;

Sexo: homens e mulheres são igualmente afetados mas nas mulheres os quadros são menos graves e melhoram mais rapidamente;

Etnia: pessoas da raça amarela ou da negra são melhores protegidos contra a ação da luz solar que pessoas da raça branca;

Clima: temperatura ambiental e umidade influenciam o aparecimento de dermatoses como infecções por bactérias (piodermites) e fungos (micoses). O trabalho ao ar livre é freqüentemente sujeito à ação da luz solar, à picadas de insetos, à contato com vegetais e exposição à chuva e ao vento;

Antecedentes de outras dermatoses não ocupacionais;

Condições de trabalho inadequadas.

Causas diretas

Agentes Químicos: responsáveis por cerca de 80% das dermatoses ocupacionais, destacando-se o cimento, borracha, derivados de petróleo, óleos de corte, cromo e seus derivados, níquel, cobalto, madeira e resina epóxi;

Agentes Biológicos: bactérias, fungos, leveduras e insetos, especialmente nos trabalhos de manipulação de couro ou carne animal, tratadores de aves ou animais, peixeiros, açougueiros, jardineiros, balconistas de bar, barbeiros, atendentes de sauna, entre outros;

Agentes Físicos: calor, frio, vibrações, eletricidade, radiações ionizantes e não ionizantes, microondas, laser e agentes mecânicos.

CAUSAS COMUNS
Cimento

O cimento é uma matéria prima composta por vários óxidos, sendo muito irritante para a pele em virtude de ser abrasivo e altamente alcalino. Além disso, certas impurezas presentes no cimento tem efeito alergênico. Em contato com a pele do trabalhador, em determinadas condições, o cimento pode provocar diversas dermatoses, tais como:

Dermatites de contato por irritação: é a mais freqüente, atingindo principalmente as mãos e os pés do trabalhador e decorre da ação alcalina do cimento que exerce efeito abrasivo sobre a camada córnea da pele. As lesões podem se iniciar com leve vermelhidão (eritema), descamação, fissuras, eczema, inchaço (edema), vesículas, bolhas e necrose do tecido. A gravidade do quadro clínico é variável, dependendo da concentração do agente, do tempo de exposição e de fatores individuais. Em condições especiais de contato (como, por exemplo, a queda de calda de cimento ou concreto dentro da bota, mais o atrito), o cimento pode provocar ulcerações e necrose na área atingida. Devido à presença do pó, os trabalhadores que atuam no setor de embalagem e transporte do cimento podem apresentar conjuntivite irritativa e focos irritativos e pruriginosos na pele (“sarna dos pedreiros”).

Dermatites de contato alérgica: o efeito alergênico depende basicamente de dois contaminantes do cimento: o cromo e o cobalto. As lesões iniciais são constituídas por vermelhidão (eritema), inchaço (edema), vesiculação e, posteriormente, exsudação e descamação nas áreas de contato. O prurido (coceira) está sempre presente. As dermatoses alérgicas melhoram com o afastamento do contato com o cimento. Entretanto, com o retorno à atividade, são recidivantes, rebeldes e tendem à cronificação.

Calosidades (hiperceratoses): ocorrem, em geral, na planta dos pés (hiperceratose plantar) e ao nível das unhas das mãos e dos pés (hiperceratose subungueal).

Borracha

Provoca uma dermatite de contato alérgica, em decorrência de sensibilização por substâncias utilizadas na fabricação da borracha, especialmente os agentes de vulcanização (enxofre), aceleradores, retardadores, ativadores, antioxidantes, plastificantes e, pigmentos e corantes.

Derivados de petróleo

A ação irritativa sobre a pele é, geralmente, exercida pelos solventes orgânicos (thinner, gasolina, varsol, aguarrás, querosene) utilizados na remoção de tintas e graxas.

Óleos de corte

Utilizados nas indústrias mecânicas, em operações de corte e usinagem de metais, visando obter melhor rendimento e melhor acabamento do material. Podem produzir eczema na área de contato por irritação ou por sensibilização alérgica.

Cromatos, dicromatos e ácido crômico

Utilizados na galvanoplastia (cromação), na produção de ligas, na indústria do couro, na fiação e tecelagem, na indústria fotográfica, na preservação de madeiras e, como pigmento em tintas, borracha e cerâmica. Podem provocar dermatoses por ação irritativa ou por mecanismos de sensibilização. É um dos contaminantes do cimento. Nas galvanoplastias, o contato com líquidos dos banhos de cromação pode provocar úlceras na pele, enquanto a exposição crônica a névoas de ácido crômico pode ocasionar ulceração e perfuração do septo nasal, crises asmáticas e câncer pulmonar.

Níquel

Utilizado na galvanoplastia, na produção de ligas, na fabricação de fitas magnéticas, na cunhagem de moedas, fabricação de bijuterias, na produção de plásticos e na fabricação de instrumentos dentários e cirúrgicos. Sua ação é tanto por irritação como por sensibilização.

Cobalto

É um metal relativamente raro e aparece como impureza do cimento. É utilizado na fabricação de ligas metálicas, instrumentos dentários e de corte/costura, ímãs, catalisadores, vitamina B12 e pigmentos nas indústrias de tintas, vernizes, vidros e cerâmicas. O cobalto ocasiona uma dermatite de contato alérgica.

Madeira

O contato com o pó da madeira produz reações alérgicas, atingindo pele e vias aéreas superiores. Inúmeros casos têm sido registrados com sensibilização a determinadas espécies de madeira, especialmente o pau-ferro e a caviúna.

Resinas epóxi

Podem atuar por ação irritativa ou via sensibilização alérgica, atingindo a pele e as vias aéreas superiores. São utilizadas na indústria eletrônica, em equipamentos elétricos, condensadores, transformadores, nas indústrias aeronáutica e automobilística e na fabricação de tintas, colas e adesivos.

SINTOMAS
As dermatoses ocupacionais são classificadas, segundo o tipo de ação dos agentes produtores, em dois grande grupos: as dermatites por irritação e as dermatites por ação alérgica.

Dermatites de contato por irritação

É a mais freqüente, representando cerca de 70% das dermatites de contato ocupacionais. Atingem principalmente as mãos, antebraços, pescoço, face e pernas do trabalhador e decorre da ação de agentes externos de natureza física e química. As lesões podem se iniciar com leve vermelhidão na pele (eritema), inchaço (edema), vesículas, bolhas, acompanhadas muitas vezes de intensa coceira (prurido). Com o passar do tempo, pode ocorrer o espessamento da pele, com descamação e fissuras. A gravidade dos sintomas é variável, dependendo da concentração do agente, do tempo de exposição e de fatores individuais.

Dermatites de contato alérgica

O efeito alergênico é produzido geralmente por substâncias químicas em baixas concentrações e depende da suscetibilidade do trabalhador. No Brasil, o cromo e a borracha constituem os dois agentes químicos que mais produzem alergias de contato na área profissional. As lesões iniciais são constituídas por vermelhidão na pele (eritema), inchaço (edema), vesiculação e, posteriormente, exsudação e descamação nas áreas de contato. O prurido (coceira) está sempre presente. As dermatites de contato alérgicas só podem ser curadas quando identificada a substância alergênica e evitados novos contato com a pele. O método de investigação alérgica indicado nestes casos é o teste epicutâneo.

PREVENÇÃO

A proteção ideal para a pele do trabalhador consiste em se evitar o contato com agentes químicos irritantes ou alergênicos. O controle desses agentes presentes nos ambientes de trabalho exige medidas de proteção (coletiva e individual) que assegurem a integridade física dos trabalhadores, incluindo-se entre essas medidas:

A eliminação dos agentes nocivos ou substituição da sua forma de apresentação;

O enclausuramento total ou parcial do processo de produção;

A automatização de operações geradoras de contaminação do homem;

Isolamento das áreas de riscos;

Ventilação exaustora local;

Medidas de higiene pessoal e coletiva (lavatórios – chuveiros – vestiários – sanitários);

Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) tais como luvas, pomadas protetoras, mangas, aventais, roupas especiais, máscaras, botas, entre outros.

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