Informações gerais
Nomes alternativos
Fibrose pulmonar por exposição ao asbesto; Pneumonite intersticial idiopática por exposição ao asbesto; Pneumoconiose por asbesto.
Definição
A asbestose é considerada uma pneumoconiose, ou seja, uma doença do sistema respiratório relacionada ao trabalho, que decorre da aspiração de poeira com asbesto e caracteriza-se por fibrose pulmonar crônica e irreversível. A inalação de fibras de asbesto pode causar uma variedade de enfermidades, desde espessamento do revestimento dos pulmões, que em geral é assintomático, até o desenvolvimento de um mesotelioma maligno (um tipo de câncer que se origina no revestimento do pulmão).
Fatores de risco
O asbesto, conhecido comercialmente como amianto, é uma fibra mineral natural sedosa e resistente, que está presente em abundância na natureza sob duas formas: serpentinas (amianto branco) e anfibólios (amiantos marrom, azul e outros), sendo que a forma serpentinas corresponde a mais de 95% de todas as manifestações geológicas no planeta. O asbesto é utilizado principalmente na fabricação de produtos de cimento-amianto (telhas, caixas d’água, placas, tubulações), materiais de fricção (pastilhas de freio, embreagens), materiais de vedação (gaxetas), tintas, pisos, materiais plásticos e produtos têxteis como mantas, lonas e tecidos resistentes ao fogo (refratários). O Brasil é um dos quatros maiores produtores mundiais de asbesto, e a exploração se dá em mineração de superfície no Estado de Goiás (Mina de Cana Brava, Município de Minaçu). Além dos trabalhos na indústria extrativa ou de transformação do asbesto, diversas atividades profissionais levam à exposição crônica, como o trabalho em construção civil (encanadores, trabalhos em demolições, colocação e reforma de telhados), isolamento térmico de caldeiras e tubulações e manutenção de fornos (tijolos refratários). Ao risco dos que trabalham diretamente com asbesto soma-se a possibilidade dos trabalhadores levarem a poeira com asbesto em suas roupas para suas casas, expondo os familiares. Estima-se que 20.000 a 25.000 trabalhadores brasileiros estão expostos na indústria extrativa e de transformação do asbesto. No total, cerca de 300 mil pessoas estão expostas ao amianto no Brasil.
A inalação de fibras de asbesto pode produzir cicatrização dos tecidos (fibrose) no interior do pulmão. O tecido pulmonar cicatrizado não se expande nem se contrai de forma normal e perde sua elasticidade. A severidade desta doença depende do tempo de exposição e da quantidade inalada. As enfermidades relacionadas com o asbesto incluem, ainda, as placas pleurais (calcificação) e tumor maligno denominado mesotelioma. Os mesoteliomas podem desenvolver-se depois de vinte a quarenta anos da exposição inicial, sendo que o hábito de fumar aumenta o risco de desenvolver esse tipo de câncer.
Sintomas
O aparecimento da doença está relacionado ao tamanho e concentração das fibras de asbesto presentes no ambiente de trabalho, ao tempo de exposição e, ao tipo de atividade e intensidade do esforço físico desenvolvido pelo trabalhador na sua função laborativa. As fibras pequenas (com menos de 5 micrômeros de diâmetro e 200 micrômeros de comprimento) conseguem atingir o interior dos pulmões, chegando aos alvéolos, onde produzem reação inflamatória com formação de cicatrizes que impedem a função de troca gasosa pulmonar. Normalmente, o período de latência da asbestose é maior do que 10 anos, entretanto, em presença de elevados níveis de poeira, os trabalhadores poderão desenvolver a doença num prazo inferior a 5 anos de exposição.
Diagnóstico
O diagnóstico é firmado com base na história ocupacional e nas alterações radiológicas. A queixa principal é a falta de ar (dispnéia) aos grandes esforços e canseira, acompanhada por dor no peito e tosse (seca ou com expectoração), impedindo o trabalhador de exercer tarefas que exijam maior esforço físico.
O Rx de tórax revela pequenas opacidades irregulares, que tendem a iniciar-se nos lobos inferiores e gradualmente estender-se para as regiões superiores do parênquima pulmonar. Nos últimos anos, a tomografia computadorizada de alta resolução tem revelado-se superior à radiologia convencional na detecção precoce de asbestose, pois possibilita uma análise muito mais detalhada dos lóbulos pulmonares e das estruturas interlobulares. Na espirometria, as alterações funcionais características são de uma insuficiência respiratória restritiva.
Além de danos ao pulmão, a exposição ao asbesto pode provocar comprometimento da pleura que aparece sob a forma de espessamento pleural em placas, calcificações e derrame benigno.
Asbesto e câncer
A associação entre exposição ao asbesto e câncer de pulmão já foi comprovada de forma definitiva, sendo que esse risco varia de acordo com o ramo de atividade. O risco de câncer de pulmão é maior na indústria têxtil que utiliza asbesto do que na própria mineração, e é ampliado pelo hábito de fumar. Em geral, o câncer pulmonar associado à asbestose é do tipo adenocarcinoma, e aparece após longo período de latência, normalmente superior a 20 anos da exposição inicial.
A exposição ao asbesto está também associada ao câncer (mesotelioma maligno) da pleura, peritôneo e pericárdio. O mesotelioma aparece normalmente 30 a 40 anos após a exposição inicial.
Tratamento
Não existe cura disponível, mas recomenda-se suspender de imediato a exposição ao asbesto. O tratamento de suporte dos sintomas compreende as terapias respiratórias para remover as secreções dos pulmões. Podem ser utilizados medicamentos em aerossol para fluidificar as secreções, sendo que pode ser necessário o fornecimento de oxigênio por meio de máscara ou de cânula nasal. O estresse causado pela doença pode exigir tratamento especializado, podendo ser aliviado com a participação em grupos de apoio.
Prognóstico
O resultado depende da duração e extensão da exposição; o mesotelioma tem um mau prognóstico, aparece normalmente 30 a 40 anos após a exposição inicial e, clinicamente, tem um curso desfavorável, com uma sobrevida de 12 meses menor que 20%.
Prevenção
Banimento do amianto (asbesto)
Por ser um produto reconhecidamente cancerígeno, a medida de proteção ideal é o banimento do asbesto (amianto) no nosso país, como já acontece em dezenas de países. Desde 1995, a ABREA–Associação Brasileira de Expostos ao Amianto, uma organização não-governamental sem fins lucrativos, vem aglutinando trabalhadores e os expostos ao amianto em geral na luta para o banimento do amianto no Brasil.
Programa de Proteção Respiratória – PPR
Na prevenção e no controle das doenças ocupacionais provocadas pela inalação de ar contaminado com poeiras, o objetivo principal deve ser, minimizar até eliminar a contaminação do local de trabalho através da adoção de medidas de proteção coletiva.
Entre as medidas de controle coletivo incluem-se a umidificação do ambiente com lavagem constante do piso, a exaustão localizada, a ventilação local ou geral, o enclausuramento total ou parcial do processo produtor de poeiras, mudanças de “layout” da empresa, substituição de matérias primas patogênicas por outras menos tóxicas, alterações do processo produtivo, entre outras.
Protetores Respiratórios
Quando as medidas de proteção coletiva não são viáveis, ou enquanto estão sendo implantadas, devem ser usados os protetores respiratórios (respiradores). As orientações e recomendações sobre seleção e uso de respiradores, além dos requisitos necessários para a implementação e melhoria de um “Programa de Proteção Respiratória” – PPR, estão contidas na Instrução Normativa Nº 1, de 11/04/94, que estabeleceu o Regulamento Técnico sobre uso de equipamentos de proteção respiratória.
Tipos de protetores respiratórios
Aparelhos purificadores (máscara a filtro): estrutura facial dotada de um ou mais filtros específicos para poeiras ou substâncias químicas, e
Aparelhos de isolamento: usados em ambientes pobres em oxigênio (teor menor que 18% de volume) ou em ambientes contaminados a altas concentrações. Podem ser autônomos (cilindros de ar ou oxigênio) ou de adução de ar (bomba manual ou motorizada).
Monitoramento da exposição
De acordo com a Norma Regulamentadora nº 9 da Portaria nº 3214/78, para o monitoramento da exposição dos trabalhadores, deve ser realizada uma avaliação sistemática e repetitiva da exposição às poeiras (aerodispersóides). Essa avaliação ambiental consiste na aspiração de um volume de ar conhecido nos locais de trabalho, através do sistema de bomba de vácuo, sendo que esse ar é filtrado para análise quantitativa do material particulado retido. A todas e quaisquer atividades nas quais os trabalhadores estão expostos ao asbesto aplicam-se as recomendações do Anexo Nº 12 da NR-15 da Portaria 3214/78, que adota para o asbesto o limite de tolerância de 2 (duas) fibras por centímetro cúbico.
Controle médico
Para o controle médico dos trabalhadores expostos ao asbesto, utiliza-se a aplicação de questionário padronizado de sintomas respiratórios, exame físico periódico, radiografia do tórax e a espirometria. De acordo com o Quadro II da NR-7 da Portaria nº 3214/78, a radiografia do tórax deve ser realizada no exame admissional e posteriormente a cada ano. A espirometria é realizada no exame admissional e posteriormente a cada dois anos.
Links relacionados
* Legislação Vigilância Sanitária