Riscos Biológicos

Definição

Consideram-se agentes biológicos as bactérias, vírus, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, entre outros.

Exposição ocupacional

A exposição mais importante ocorre entre os trabalhadores rurais, entre os profissionais dos serviços de saúde, nos serviços de esgotos e, na coleta e industrialização de lixo urbano:

Agricultura: o trabalho na agricultura expõem os trabalhadores principalmente à poeiras orgânicas, com alto teor de fungos em suspensão, que podem provocar doenças respiratórias tais como a bronquite crônica, asma e pneumonites.

Serviços de saúde: nos serviços de saúde os trabalhadores estão expostos a numerosos riscos biológicos, destacando-se entre eles o vírus HIV, a hepatite B, o herpes vírus, a rubéola e a tuberculose.

Outras atividades: a exposição à riscos biológicos ocorre ainda nos laboratórios, nos serviços de esgotos, na coleta e industrialização de lixo urbano, nos cemitérios, nos serviços veterinários, nos matadouros, nos frigoríficos e na manipulação de carnes e alimentos “in natura”.

Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT

No caso de acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente contaminados, a empresa deverá comunicar o acidente de trabalho à Previdência Social, através da emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência.

AGENTES CAUSAIS

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

O HIV provoca a Aids, ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, e pode ser encontrado no sangue, no esperma, na secreção vaginal, no leite da mãe e em objetos infectados por essas substâncias.

A aids não é uma doença restrita aos chamados grupos de risco, como os profissionais do sexo ou os homossexuais. A epidemia de aids mostrou que todos têm de se prevenir: homens, mulheres, casados ou solteiros, jovens e idosos, todos, independente de cor, raça, situação econômica ou orientação sexual. Para se prevenir da aids, deve-se usar corretamente a camisinha nas relações sexuais e apenas agulhas e seringas descartáveis. Para evitar que a aids passe da mãe para o filho, todas as gestantes devem começar o pré-natal o mais cedo possível e fazer o teste de aids

A pessoa pode ter o HIV e não ter aids, a doença pode levar até 10 anos para aparecer. O portador do HIV, mesmo não tendo aids, pode transmitir o vírus. Por isso, a importância da camisinha em todas as relações sexuais. O portador de HIV deve ser acompanhado por um profissional de saúde, que irá orientá-lo e indicar quando deve ser iniciado o tratamento com os anti-retrovirais.

Quando alguém tem aids, o HIV destrói as células de defesa do corpo, os chamados glóbulos brancos, o organismo enfraquece e várias doenças podem se manifestar, são as chamadas doenças oportunistas. Os sintomas da aids são, inicialmente, inespecíficos como excesso de suor noturno, febre diária até 38°C, sensação constante de cansaço mesmo em repouso, diarréia, aparecimento de gânglios nas axilas, virilhas e pescoço, emagrecimento de mais que 10% do peso normal e posteriormente, manifestação das infecções oportunistas (candidíase oral, outros fungos, pneumonias, infecções do sistema nervoso central etc).

A aids não tem cura, mas o diagnóstico precoce do HIV faz com que o paciente se beneficie do tratamento oferecido gratuitamente pelo Governo, retardando o aparecimento da aids e possibilitando maior qualidade de vida ao portador do vírus. No Brasil, cerca de 400 mil pessoas estão infectadas pelo HIV e não sabem. Até março de 2002 foram notificados pelo Programa Nacional 237 mil 588 casos de aids em nosso país.

Faça o teste da Aids

Para detectar o HIV, é necessário fazer um teste de sangue em laboratório. Hoje ele pode ser realizado sem prescrição médica nos Centros de Testagem e Aconselhamento, laboratórios particulares e em serviços de saúde pública. Os CTA contam com médicos, enfermeiros e psicólogos que acompanham a pessoa antes e depois do exame. Tudo é feito de maneira sigilosa e gratuita. O exame é feito por meio da coleta simples de sangue, com material descartável, e não é preciso estar em jejum. E lembre-se: o exame só pode ser feito após 3 meses de a pessoa ter se exposto a alguma situação de risco (sexo sem camisinha, uso de seringa de outras pessoas etc.). Ou seja, depois da janela imunológica: período em que seu corpo ainda não produziu anticorpos suficientes para serem detectados, podendo dar um resultado falso-negativo.

Fonte: Programa Nacional DST/AIDS

Hepatite B

É a uma inflamação do fígado causada pela infecção por um dos vírus da hepatite, o do tipo B, que provoca uma doença aguda com os sintomas que duram diversas semanas e incluem a pele e os olhos da cor amarela (icterícia), urina escura, fadiga extrema, náusea, vômitos e dor abdominal. O vírus da hepatite B pode ainda causar uma infecção crônica em que o paciente permanece como portador do vírus e muitos anos mais tarde desenvolve a cirrose ou o câncer do fígado. É o tipo o mais sério de hepatite viral e o único tipo para o qual está disponível uma vacina.

O vírus da hepatite B é transmitido pelo contato com líquidos do sangue ou de corpo de uma pessoa infectada da mesma maneira que o vírus da imunodeficiência humana (HIV/AIDS). Entretanto, o vírus da hepatite B (HBV) é 50 a 100 vezes mais infectante do que o HIV. As principais maneiras de se infectar com o HBV são o contato sexual, as injeções e as transfusões inseguras e, a perinatal (da mãe ao bebê no nascimento). O vírus da hepatite B não é transmitido pelo alimento ou pela água contaminada. Do ponto de vista ocupacional, o principal risco é para os trabalhadores de saúde, que devem ser vacinados.

Hepatite C

É uma infecção do fígado causada pelos vírus da hepatite do tipo C (HCV) e que pode provocar uma doença aguda e uma doença crônica, incluindo a cirrose e o câncer de fígado. O HCV é transmitido principalmente pelo contato direto com sangue humano, sendo que as causas principais da infecção são as transfusões de sangue e a reutilização de agulhas e seringas que não são adequadamente esterilizadas. O tempo de incubação da infecção por HCV, antes do início de sintomas clínicos, varia de 15 a 150 dias. Em infecções agudas, os sintomas os mais comuns são fadiga e a pele e os olhos de cor amarela (icterícia). Entretanto, a maioria dos casos (entre 60% e 70%) são assintomáticos, sendo que aproximadamente 80% dos pacientes infectados progridem para desenvolver uma infecção crônica. A cirrose ocorre em cerca de 10% a 20% das pessoas com infecção crônica, e o câncer de fígado em 1% a 5%, após um período de 20 a 30 anos. Nenhuma vacina está atualmente disponível para prevenir a hepatite C.

Hepatite A

O vírus que causa a hepatite A é transmitido através da água e do alimento e, portanto, a higiene é muito importante em seu controle. A doença começa com um início abrupto da febre, fraqueza no corpo, perda do apetite, náusea e o desconforto abdominal, seguidos pela pele e olhos amarelos (icterícia) dentro de alguns dias. A doença pode variar de leve (durando 1-2 semanas) à uma doença severamente incapacitante (que dura diversos meses). Nas áreas altamente endêmicas para a hepatite A, a maioria de infecções ocorrem durante a infância e quase todos os pacientes recuperam-se completamente.

Profilaxia

Os acidentes de trabalho com sangue e outros fluidos potencialmente contaminados devem ser tratados como casos de emergência médica, uma vez que as intervenções para profilaxia da infecção pelo HIV e hepatite B necessitam ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente, para a sua maior eficácia. Convém ressaltar que as medidas profiláticas pós-exposição não são totalmente eficazes, apontando a necessidade de se implementar ações educativas permanentes, que familiarizem os profissionais de saúde com as precauções básicas e os conscientizem da necessidade de empregá-las adequadamente, como medida mais eficaz para a redução do risco de infecção em ambiente ocupacional.

Procedimentos recomendados em caso de exposição a material biológico


Cuidados locais

Após exposição a material biológico, os cuidados locais com a área exposta devem ser imediatamente iniciados. Recomenda-se lavagem exaustiva com água e sabão em caso de exposição percutânea ou cutânea. O uso de solução antisséptica degermante (PVP-Iodo ou clorexidina) pode também ser recomendado. Após exposição em mucosas, é recomendada a lavagem exaustiva com água ou solução fisiológica.

Acidentes com material infectado por HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana)

A solicitação de teste anti-HIV deverá ser feita com aconselhamento pré e pós-teste do paciente-fonte com informações sobre a natureza do teste, o significado dos seus resultados e as implicações para o profissional de saúde envolvido no acidente. Recomenda-se a utilização de teste rápido para detecção de anticorpos anti-HIV, quando não há possibilidade de liberação ágil (dentro de 24-48 horas) de resultados de teste anti-HIV ELISA, com o objetivo de evitar o início ou a manutenção desnecessária do esquema profilático.

A indicação do uso de anti-retrovirais (AZT e 3TC) deve ser baseada em uma avaliação criteriosa do risco de transmissão do HIV em função do tipo de acidente ocorrido e a toxicidade dessas medicações. Quando indicada, a quimioprofilaxia deverá ser iniciada o mais rápido possível, dentro de 1 a 2 horas após o acidente. A duração da quimioprofilaxia é de 4 semanas. O profissional de saúde acidentado deverá ser acompanhado pelo período mínimo de 6 meses após o acidente com material infectado. O acompanhamento sorológico anti-HIV ELISA deverá ser realizado no momento do acidente, sendo repetido após 6 e 12 semanas e pelo menos após 6 meses.

Os critérios de gravidade na avaliação do risco do acidente são dependentes do volume de sangue e da quantidade de vírus presente. Acidentes mais graves são aqueles que envolvem maior volume de sangue, cujos marcadores são: lesões profundas provocadas por material perfuro-cortante, presença de sangue visível no dispositivo invasivo, acidentes com agulhas previamente utilizadas em veia ou artéria do paciente-fonte e acidentes com agulhas de grosso calibre, e aqueles em que há maior inóculo viral envolvendo paciente-fonte com AIDS em estágios avançados da doença ou com infecção aguda pelo HIV (viremias elevadas).

Acidentes com material infectado por vírus da Hepatite B

Os testes sorológicos para o profissional de saúde acidentado devem ser realizados no momento do acidente. Recomenda-se a utilização de testes HBsAg de realização rápida (menos de 30 minutos), quando não há possibilidade de liberação rápida de resultados ELISA. É importante a aplicação precoce, via intramuscular, de gamaglobulina hiperimune para hepatite B (no máximo dentro de 24 a 48 horas após o acidente). O acompanhamento sorológico deverá ser realizado no momento do acidente, sendo repetido após 6 e 12 meses.

Medidas Específicas para Hepatite C

O risco de transmissão do vírus da hepatite C está associado à exposição percutânea ou mucosa a sangue ou outro material biológico contaminado por sangue. Não existe nenhuma medida específica eficaz para redução do risco de transmissão após exposição ocupacional ao vírus da hepatite C. A única medida eficaz para eliminação do risco de infecção pelo vírus da hepatite C é por meio da prevenção da ocorrência do acidente.

Fonte: Manual de condutas em exposição ocupacional a material biológico, Ministério da Saúde.

PREVENÇÃO
Precauções básicas

São medidas de prevenção que devem ser utilizadas na assistência a todos os pacientes na manipulação de sangue, secreções e excreções e contato com mucosas e pele não-íntegra. Essas medidas incluem a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), com a finalidade de reduzir a exposição do profissional a sangue ou fluídos corpóreos, e os cuidados específicos recomendados para manipulação e descarte de materiais pérfuro-cortantes contaminados por material orgânico (como agulhas, lâminas de bisturi, scalp, vidraria, entre outros).

Equipamentos de Proteção Individual – EPI

Luvas: sempre que houver possibilidade de contato com sangue, secreções e excreções, com mucosas ou com áreas de pele não íntegra (como ferimentos, escaras, feridas cirúrgicas);

Gorros, máscaras e óculos de proteção: durante a realização de procedimentos em que haja possibilidade de respingo de sangue e outros fluídos corpóreos, nas mucosas da boca, nariz e olhos do profissional de saúde;

Aventais (capotes): durante a realização de procedimentos em que haja possibilidade de contato com material biológico, inclusive em superfícies contaminadas;

Botas: proteção para os pés em locais úmidos ou com quantidade significativa de material infectado (como centros cirúrgicos e áreas de necropsia, entre outros).

Cuidados com materiais pérfuro-cortantes

Sempre utilizar a máxima atenção durante a realização dos procedimentos;

Jamais utilizar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam materiais pérfuro-cortantes;

Evitar o uso de agulhas quando existirem alternativas mais seguras e eficientes;

Nunca as agulhas devem ser reencapadas, entortadas, quebradas ou retiradas da seringa com as mãos, assim como não devem ser utilizadas para prender papeis;

Todo material pérfuro-cortante, mesmo que estéril, deve ser descartado em recipientes resistentes à perfuração e com tampa, sendo que não devem ser preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade total e devem ser colocados sempre próximos do local onde é realizado o procedimento.

Vacinação para Hepatite B

Uma das principais medidas de prevenção é a vacinação para hepatite B pré-exposição, devendo ser indicada para todos os profissionais da área de saúde. É uma vacina extremamente eficaz (90 a 95% de resposta vacinal em adultos) e que não apresenta toxicidade.

Links relacionados

* Textos Online
* ABCDAIDS
* Bloodborne Infectious – NIOSH
* Bloodborne Pathogens – OSHA
* Hepatitis – WHO/OMS
* Riesgos Biológicos – OIT
* Viral Hepatitis – CDC